Ela nasceu numa família cuja religião era mentalista. O Deus que lhe apresentaram era sisudo, olhava para os seus filhos como que esperando um erro, pequeno que fosse, para condená-los.

Ela acreditava cegamente nesse Deus, e aprendeu a temê-lo. Temia desagradá-lo. Aos que faziam isso, era reservado o lago de enxofre, o sofrimento eterno.

O que os dirigentes diziam era lei, ainda que eles mesmos cometessem muitos erros. Mas eles podiam, afinal, eram porta-vozes de Deus.

Quando as pessoas eram da assistência, era muito bem tratados; quando passavam a fazer parte da organização, descobriam que o prometido “paraíso” não era bem assim…

Quando alguém errava, era condenado por todos, inclusive pela própria família – os primeiros a virar-lhe as costas. Afinal, era assim que a “palavra de Deus” ordenava.

Espíritas? Não deviam nem chegar perto. Não deviam ter amizade nem receber presentes de qualquer pessoas que tivesse qualquer contato com espiritismo, pois não eram de Deus.

O tempo passou, e enquanto ele passava ela fez algo também proibido – ela começou a pensar.
Ela viu pessoas que faziam o bem, como Chico Xavier e Madre Teresa de Calcutá, e se perguntava:
– Se eles amam o próximo, como Jesus ensinou, porque vão para o inferno e não para o paraíso?

A resposta do dirigente foi taxativa:
– A pior pessoa de dentro é melhor que a melhor pessoa de fora…

Como aceitar essa resposta? O que ela via eram pessoas fazendo o que Jesus ensinou, pois ele veio ensinar o amor.

Quando ele disse: “onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estarei”, ele não se referiu a nenhuma religião.

Um dia, ela tomou coragem de conhecer a doutrina espírita. Mesmo achando que estava cometendo um pecado, ela fez.

Porque sua alma já não se contentava com o que ouvia. Não fazia sentido um Deus punidor, acusador. Não fazia sentido julgar e condenar os irmãos pelos seus erros, afinal, quem poderia atirar a primeira pedra?

E ela seguiu em frente. Aceitou finalmente a existência do espírito, e compreendeu que as sucessivas encarnações trazem experiências que nos moldam.

Vivenciando a dualidade, e escolhendo entre vários caminhos, vamos nos desenvolvendo entre os vários sentidos da vida, e nos tornando mais conscientes acerca das leis que regem nossas vidas e nossa evolução.

E ela mudou. Seu olhar para o mundo mudou. Ela descobriu que Deus não mudou e nem mudará, Ele É o que É, simplesmente. O que mudou foi a forma dela se relacionar com Ele.

Deus já não estava mais do lado de fora, Ele estava em tudo. Ele era tudo.

E ela se libertou. Conheceu os Orixás. Se apaixonou. Se entregou. Se tornou sacerdotisa, se tornou “mãe” de muitos.

E finalmente encontrou seu lugar no mundo.

E seguiu seu caminho. Se desfez dos velhos dogmas, e ainda hoje se desfaz dos que ainda sobraram.

Não tem mais medo, porque sente que Deus é amor, não se cansa de amar, e não se permite superar nesse quesito.

Mais do que sonhar com um mundo melhor, arregaçou as mangas e foi à luta.

E tem sua recompensa, toda vez que alguém vai ao seu terreiro agradecer.

Descobriu que Deus fala pela boca dos seus filhos. Que Ele age através dos seus filhos, para que sejamos fraternos e entendamos que precisamos uns dos outros e nunca estamos sós.

E por isso ela é feliz. E tudo que ela quer é distribuir amor, benção e esperança a todos que dela precisarem.

E ela deseja que todos expandam suas consciências, joguem fora o que já não serve mais e amem, amem e amem, assim como faz nosso Criador, Axé!!!

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