Salve turminha das ervas! Salve irmãozinhos em Mamãe Natureza. Que a força viva da Jurema nos abençoe.

Quando falamos em Jurema, somos automaticamente remetidos ao universo religioso e lembramos de imediato dessa fantástica linha de trabalhos espirituais das Caboclas Juremas.

Sabemos que Jurema alem dessa fantástica falange, é também o nome de uma árvore, a “Jurema Preta” – Mimosa hostilis é seu nome científico.

Há várias confusões em relação a essa árvore sagrada. Acredito que a principal seja a confusão com outros tipos de jurema, ou acácias.

É uma árvore bastante característica da região Norte – Nordeste do Brasil. Gosta de calor intenso, e por isso sua propagação em São Paulo (região Sul – Sudeste) é muito difícil, e mesmo que essa árvore cresça por aqui, perde parte das características de cor, aroma, etc.

A vibração da árvore jurema, é associada aos Orixás Oxóssi, Obá e Oxalá.
Sua casca é considerada “quente”, com alto poder de limpeza, principalmente para o chacra coronário de médiuns, ou seja a “coroa mediúnica”.

Dentro dos ritos dos Catimbós, essa sagrada religião da natureza, pautada no culto tanto à árvore da Jurema, (sua essência energética e ao que ela representa para o juremeiro), quanto aos Mestres da Jurema, espíritos de grau iniciático no seu culto e manipulação ritualística de elementos ligados a ela; seu uso é bastante amplo, passando das beberagens, fumos sagrados e ritualísticos, banhos e defumações.

A própria presença da erva já é uma benção para o juremeiro, ou o praticante do culto à Jurema.

Jurema também é o nome dado ao espírito vegetal, à força viva da erva, à sua energia elemental básica.

Podemos dentro dos terreiros usar a jurema preta de forma bastante simples e direta, seja nos banhos de defesa e limpeza; nas defumações de desenvolvimento, ou mesmo em dias de festa de caboclos, colocando algumas cascas de jurema em vinho tinto, deixando descansar por uma semana pelo menos em local escuro, e servindo aos caboclos.

Vale lembrar que aqui não podemos, e não temos a pretensão de ensinar ninguém a ser um juremeiro, mesmo porque isso não se ensina, se vivencia. E essas receitinhas são extremamente básicas, fato que se alguém tiver interesse em aprender mais sobre ervas, jurema, etc, procure os locais e pessoas habilitados a falar sobre o assunto.

Essa beberagem de Jurema é apenas um vinho misturado com cascas e não uma bebida inicática, ok. E apenas um agrado que se faz à linha de caboclos na Umbanda, que por definição, são os juremeiros por excelência.

Aquele que acha que sabe tudo, perde uma grande oportunidade de aprender o que não sabe.

Jurema é um Mistério Divino em Sí. E Mistério não é algo escondido, é algo não compreendido em totalidade, principalmente por nós, seres humanos limitados ao entendimento humano das coisas Sagradas.

Por falar em mistérios, vale continuar alertando sobre os donos dos mistérios. Isso mesmo, os que se auto intitulam donos de determinadas forças da natureza. Prestem bastante atenção: não se quebra um dogma criando outros.

Uma folha é uma enciclopédia em si mesma. Numa folha está todo o código de uma raça elemental inteira. Reconhecer a energia numa folha, não estamos falando da energia física, como aprendemos no colégio, mas a energia etérica, espiritual mesmo, enfim reconhecer essa energia é um dom, que pode ser desenvolvido sim. Existem pessoas que nascem com um dom para a música, com uma invejável voz afinada ou com uma habilidade nata para tocar determinado instrumento. Da mesma forma existem pessoas que tem uma sensibilidade natural para os elementos. Sentem as pedras, a água ou as ervas.

Esta sensibilidade não é um benefício que Deus dá de presente àquela pessoa em especial, mas sim conquista dela em sua caminhada de aprendizado e conhecimento.

Negar seu dom seria a mesma coisa que vendar um dos olhos e se negar a enxergar com ele. Ou mesmo tapar uma das narinas, ou um dos ouvidos, ou mesmo os dois para não ouvir nada. Muitas pessoas gostariam de nascer com esses dons, mas tem a oportunidade de aqui, nessa jornada carnal, desenvolver pelo menos em parte, uma dessas capacidades.

A mediunidade, ou sexto sentido, ou como chamei aqui simplesmente de sensibilidade, pode ser desenvolvida dentro das suas condições e merecimento. E isso não está diretamente ligado ao plano espiritual humano. O dom de entender e reconhecer as reações das plantas é muito mais comum do que imaginamos. E sempre há quem afirme: acho que não tenho mão boa para plantas… Digo o contrário: pratique!

Tenha alguns instantes diários de contato com suas ervas e plantas ornamentais. Lave as mãos em água fria, com seu sabão ou sabonete preferido, enxágüe com bastante água e sem tocar em nada espalme suas mãos sobre as folhas de uma planta… relaxe… solte os ombros, os braços… afrouxe os músculos… respire fundo pelo menos umas três vezes… feche os olhos e sinta a erva… sinta sua aura, sua vibração. Na desista se não sentir nada na primeira vez… a persistência fará com que dia a dia sua sensibilidade aumente. Quando menos esperar, estará em contato com um mundo fantástico, disposto a lhe ensinar, dentro também daquilo que você puder aprender, todo o conteúdo armazenado por milhares de anos de existência.

Os elementos vem participando da evolução humana a incontáveis eras. Uma das formas de entrarmos em contato com essas vibrações é o meio religioso. A Umbanda como religião da natureza, proporciona um desses meios.

Os guias espirituais, caboclos, pretos-velhos, crianças, exus, etc, são manipuladores, senão naturais, preparados para tal. Conhecedores de como ativar os elementos, mesmo sem muita ritualística, sem folclore, estão ali, com uma folha, uma flor, semente, pedra, enfim, com um elemento natural ativo para o benefício de seu semelhante.

Quando oferendamos um Orixá, seja em seu ponto de forças ou mesmo dentro de nossos terreiros, os elementos ali colocados são manipulados de forma que proporcionem ligação, irradiação ou absorvência de vibrações também.

Não há conhecedores absolutos desses elementos, porque se alguém assim se intitula, se auto intitula de próprio Criador da Natureza. Somos instrumentos de mais alto, aprendizes do amor pela Mãe Terra, e por todas as Mães que compõem esse magnífico quadro natural.

Bençãos de Mamãe Jurema em nossas vidas! Bençãos de Papais e Mamães Orixás também!

Saúde, sucesso e muita magia realizadora a todos.

Adriano Camargo – Erveiro da Jurema
Sacerdote de Umbanda, autor do livro Rituais com Ervas, banhos defumações e benzimentos.
adriano@ervasdajurema.com.br www.oerveiro.com.br
www.facebook\erveiro Instagram – @adrianoerveiro

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *