A Umbanda nasceu com três pilares cruciais: fundamento, história e pessoas. O fundamento estabeleceu limites para que um caminho fosse, aos poucos, construído e trilhado por aqueles que acreditam na verdade dos espíritos e Orixás. Como um livro básico de condutas e processos, barrou ideais e ideias estapafúrdias para melhor atender os propósitos do Outro Lado e evitar possíveis absurdos.

A partir da história o molde das regras foi produzido, mesclaram-se contextos de épocas, países e tradições em uma caçarola de grande harmonia e notoriedade. Santos católicos tinham suas imagens expostas nos terreiros, porém eram cultuados como representantes dos Orixás, assim como os escravos costumavam fazer nas senzalas; falava-se sobre evolução, desencarne e pagamento de débitos como nas religiões dos sábios e ricos; oferendava-se forças da natureza e as incorporava como nas tribos africanas.

Os indivíduos, únicos como são, trouxeram a diversidade de pensamento e a genialidade para a elaboração de rituais com base na essência dos dois outros pilares. Esses procedimentos, também aprovados pela espiritualidade, criaram “subfundamentos” requisitados para o sucesso da “receita” que se espalharam através dos anos e foram tanto aceitos quanto rejeitados por aqueles que ouviram falar neles.

Tanta liberdade foi proporcionada que cada casa, progressivamente, alcançou seu próprio nível de entendimento e interpretação e se tornou original em seu modo de expressar a fé pelo invisível. Dirigentes passaram a ensinar de acordo com suas diretrizes e não mais a de seus antecessores e assim seus filhos também o fizeram; um movimento de constante expansão repleto de personalidade foi concebido.

Embora a Umbanda ainda seja uma adolescente quando comparada às outras doutrinas, sem dúvidas a gama de possibilidades que ela se dispõe a viabilizar é fantástica. Poucos são os cultos que abrem suas portas para modificações radicais que podem contradizer absolutamente tudo o que foi constituído até o momento. Somos sortudos por termos ingressado em um meio tão admirável e humano.

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