Na quarentena, entre os que estão em casa, os que precisam trabalhar, os que são a favor do isolamento e os que são contra, o comum é o desejo que tudo volte ao normal.

O que chamamos de normal é, para a maioria, trabalhar, fazer dívidas, trabalhar para pagar as dívidas, comprar mais, trabalhar mais…mecanicamente, sem muitas expectativas.

Não, nada mais será como antes, graças a Deus. Para quem tem o privilégio de se isolar em casa, com a despensa abastecida, maratonando séries, pondo em dia as leituras, hobbies ou arrumando gavetas, aparentemente está tudo bem.

Mas para quem já tem uma rotina difícil, acostumado à falta de coisas básicas, como água na torneira, saneamento básico e até mesmo o que comer, o que parecia não ter como piorar, piorou.

Em qualquer momento que seja, é normal alguém se sentir confortável, sabendo que outras pessoas vivem em condições sub-humanas? Saber que em alguns países as mulheres são tratadas com desprezo e desrespeito, que pessoas são escravizadas?

É normal seguir a vida, enquanto irmãos, seres humanos como nós, são expulsos do próprio país, sem ter para onde ir, por uma guerra que não é deles?

É normal desfilar de ternos e saltos altos pelos centros financeiros do mundo, ignorando os que vivem nas ruas, afinal, não é problema nosso?

Deixa eu te contar um segredo: o mendigo é você, o coletor de lixo é você, o oprimido é você, o escravizado é você, o rei e o mendigo é você, o doente e o curador é você, o bandido e o herói é você…simplesmente porque todos somos Um.

A espiritualidade não pede que ninguém se torne missionário e salve a África! Apenas que reconheça no outro, seja ele quem for, um irmão. E que ore por ele, ajude quem estiver ao alcance de suas mãos. Pequenos gestos, uma atenção, um sorriso, não precisa mais do que isso.

O Amor de Pai Olorum por nós é infinito. Apesar de toda a maldade, injustiça, apesar de todos os nossos erros, mais uma vez temos uma chance de nos superar e vencer.

Não é sobre iniciações, rezas e oferendas; é sobre o quanto você sente a presença das Divindades em seu coração e quanto isso te torna melhor.

Trata-se de nível de consciência, de estudo, de buscar dentro de cada um a conexão com Aquele Que É O Que É. Esse Pai amado, perfeito, que permanece intacto dentro de cada centelha, ainda que possam negá-lo, ignorá-lo, tentar se afastar Dele.

O normal é a última coisa que eu quero que retorne. Estamos no início de uma Nova Era, e você pode escolher participar ativamente na construção de um mundo melhor, mais justo, menos desigual, onde impere a Lei do Um, sem separação alguma por raça, cor, gênero ou condição social.

Ser humano é tão especial, e no entanto a maioria não percebe isso. Nós erramos mas acertamos, choramos mas sorrimos, odiamos mas amamos, caímos mas nos levantamos, e trazemos dentro de nós um poder, adormecido pela nossa falta de interesse por nós mesmos.

Nós nos abandonamos, essa é a verdade. Nos rendemos a um sistema que diz como devemos viver, o que devemos vestir, o que é politicamente correto, o que pode e o que não pode.

Permitimos que líderes religiosos interpretem as mensagens de Deus, e esperamos que alguém saia na janela para nos dizer o que é pecado e o que não é.

Terceirizamos nosso próprio destino, e nos contentamos em sobreviver, quando na verdade estamos aqui para experimentar e aprender com nossas escolhas.

Seja o que for que o futuro nos reserva, viva de forma que, aqui ou do outro lado, se sinta em paz.

Se despeça do que achava normal, pois o normal não voltará. Teremos que nos renovar, em todos os setores, teremos que crescer.

Eu sei que dói, mas assim como a crisálida “sofre” ao se transformar numa linda borboleta, nós também seremos transformados. Se para o bem, ou para o mal, você escolhe,

Axé!!!

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