Entenda a responsabilidade ética e moral que envolve um caminho sacerdotal

Um sacerdote umbandista tem inúmeras responsabilidades ao assumir a frente de um Terreiro. Algumas são mais específicas de cada doutrina, portanto citarei aqui aquelas que são necessárias em toda a religião.
As responsabilidades não se resumem apenas em abrir e fechar um trabalho espiritual, preparar amacis, oferendas, firmezas, obrigações. É preciso ser um exemplo a ser seguido pela comunidade. Somente assim se conseguirá êxito em auxiliar as pessoas a se desenvolverem no campo mediúnico, espiritual, pessoal e social.

Desse modo, para que isso possa ser realizado com maestria, o sacerdote precisa estar preparado a se portar de acordo com o que ele espera das pessoas. Explico: é a posição assumida pelo líder que, naturalmente, fará com que as pessoas se inspirem nos princípios e ajam de acordo com a doutrina, tendo o próprio dirigente como norte, pois o exemplo é o mais eficaz dos ensinamentos.

Quando sou procurado por Pais e Mães de Santo de outras Casas buscando orientações para mudanças, melhorias ou resoluções de problemas, eu sempre analiso inicialmente os líderes do Terreiro. Suas crenças, como reagem aos problemas, como se relacionam com a comunidade, como as pessoas os enxergam e, por último, mas não menos importante, como eles veem a si mesmos.

Analise comigo. É incongruente pensar em um dirigente que se queixa dos médiuns que estão fazendo fofoca no Terreiro quando ele próprio também age dessa forma. Não é condizente um líder cobrar do grupo obrigações espirituais e pessoais que ele mesmo não cumpre. Como evitar que um médium cometa um absurdo quando incorporado se o dirigente, quando está mediunizado, age de maneira igual? Como inspirar felicidade, prosperidade, amor e afeto se quem está à frente não retrata isso em si mesmo? Como pregar respeito entre as famílias se o dirigente não respeita seus familiares ou trai o seu(sua) companheiro(a)? Da mesma forma, questiono: como é possível se posicionar como Pai ou Mãe e, simultaneamente, se envolver amorosamente com os filhos espirituais?

Tudo isso pode ser dito também em relação às mídias sociais, nas quais, normalmente, o dirigente é seguido e acompanhado pelos seus trabalhadores e frequentadores. Imagine um líder religioso se expondo excessivamente de forma negativa, ora mostrando uma vida desregrada, ora expondo indiretas e opiniões nocivas. Que respeito e admiração ele terá dos que estão à sua volta?

Sim, um dirigente precisa ser admirado pelos seus filhos para que eles o respeitem e o valorizem. Não falo de uma admiração para suprir o ego do líder, mas para gerar segurança perante os outros e, assim, conseguir promover mudanças significativas. Costumo dizer que a transformação na vida de uma pessoa não principia quando ela entra no espaço religioso, mas quando ela sai e aplica na prática o que ali foi ensinado, direta ou indiretamente.
Muitas das lições (boas e ruins) que aprendemos e crenças que adquirimos ao longo da vida foram absorvidas inconscientemente em consequência do meio em que vivemos. Então se questione: sendo dirigente, você ensinará quais lições e influenciará quais crenças e valores nas pessoas?

O Terreiro de Umbanda precisa ser uma nova perspectiva na vida dos médiuns e dos consulentes, proporcionando uma renovação de crenças e dando a cada indivíduo um novo caminho, em que ele possa se sentir mais pleno, realizado, e tenha mais prosperidade em todos os sentidos da sua vida. E isso só é possível com uma mudança de mentalidade, que gere um novo comportamento para trazer novos resultados.

Tecnicamente, na Programação Neurolinguística (PNL), isso é chamado de “modelagem”. Resumidamente, explicarei o que é isso: a PNL desenvolveu técnicas e distinções para identificar e descrever os padrões verbais e não verbais do comportamento das pessoas – isto é, os aspectos essenciais do que a pessoa fala e do que ela faz. Os objetivos básicos da PNL são modelar capacidades especiais e excepcionais e ajudar para que essas capacidades se tornem transferíveis para outras pessoas. O propósito desse tipo de modelagem é colocar o que foi observado e descrito em ação de uma maneira que seja produtiva e enriquecedora. Essa ferramenta nos permite identificar padrões específicos e reproduzíveis na linguagem e no comportamento das pessoas que são exemplos para outras.

Sei que, costumeiramente, muitos acreditam que ser um sacerdote é apenas cumprir as obrigações dentro do Terreiro nos horários de atividade. Na verdade, o dirigente precisa buscar elevar-se intelectual, moral e espiritualmente, para que ele possa, de fato, ajudar quem o procura.

Você já deve ter ouvido a frase: “A gente só dá o que tem”. Ela se encaixa muito bem no que estou falando. Só conseguimos proporcionar para o outro aquilo que temos em abundância em nós e só inspiramos as pessoas se formos o reflexo daquilo que pregamos.

Um médium ou consulente escolhe uma Casa por afinidades com a doutrina, com a energia e pelas características do líder responsável. As pessoas que serão atraídas para um Terreiro são aquelas que têm afinidade com o que é disseminado lá, ou seja, um dirigente problemático e negativo atrairá pessoas iguais a ele.

Tendo em vista tudo isso, digo que, se quiser ter um Terreiro por longos anos, sentindo-se pleno e realizado com suas tarefas em vez de carregá-las como um fardo em suas costas, seja o tipo de pessoa que você quer ter do seu lado. Inspire, incentive, encoraje simplesmente pelo exemplo e verá o verdadeiro sentido de um trabalho espiritual.

Alan Barbieri
Sacerdote Umbandista do
Templo Escola Casa de Lei
Alan Barbieri
Contato: (11) 2385-4592
barbieri.empresa@gmail.com

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