O impensável aconteceu. O mundo parou e, num cenário de filme apocalíptico, pessoas mascaradas se entreolham desconfiadas: será que ele tem o vírus? Mas e quando isso passar?

Num quadro otimista da situação, estamos no meio dessa tragédia chamada Covid. Me recuso a chamá-lo de “coroado”; coroados são os Orixás, os guias, os guardiões, os seres da Luz. Esse vírus trouxe morte, mas também trouxe revelação.

Do medo do contágio à insegurança financeira, revelou o melhor e o pior de todos. Cada um dá o que tem – imutável constatação.

Enquanto a maioria estava preocupada em encher os armários de comida, alguém se lembrou dos que moram nas ruas. Enquanto alguns se preocupam em dar golpes, outros estenderam as mãos.

Houve quem escolheu se isolar, e houve quem escolheu se unir. Descobrimos várias formas criativas de estar perto, e a duras penas soubemos o valor de um abraço.

Somos privilegiados por termos a internet como meio de nos comunicarmos com quem amamos, queremos bem, com nossos colegas de trabalho, e com quem mais couber no nosso tempo. Como tudo o que existe, a tecnologia tem dois lados, e salvou milhões de pessoas da solidão.

As pessoas querem que isso passe, que volte tudo ao normal…doce ilusão, o que tínhamos por normal não vai mais voltar…graças a Deus.

No ritmo que a humanidade vinha caminhando, de um modo geral, só aumentaria as desigualdades, as injustiças, a dor, o abandono, e com eles a revolta, a desesperança, a tristeza.

Oitenta anos, em média, para nascer, crescer, estudar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, envelhecer, ficar doente, e morrer. Alguém acredita mesmo que viver se trata somente disso?

Quase todo mundo fala em Deus, e como podem se conformar com isso? Como um Ser Divino, Supremo, Infinito, Perfeito, poderia ter um plano tão pequeno para nós? Irmãos, tudo é escolha, o sofrimento é escolha, existem outros caminhos, mas estamos tão ocupados e conformados que não nos damos conta disso.

Quando isso passar, aqueles que procuraram entender a lição a ser aprendida, que olharam para dentro, que buscaram respostas, sairão fortalecidos. Eles fizeram uma avaliação de suas vidas, suas opções e onde elas os levaram. Inicialmente, se necessário for, vão mudar tudo, todos os dias, até alcançar o objetivo.

Um belo dia, vão se dar conta de que não existe um ponto final, o caminho não tem fim, porque se ele acabar a busca também acaba, e com ela a alegria das descobertas.

Essas pessoas entenderão que Deus não está dentro nem fora. Ele Está em Tudo. Ele É Tudo. Elas vão acreditar que é possível o restabelecimento do plano divino no nosso planeta, e que todos nós devemos reivindicar nossos direitos como Filhos da Terra.

Tal qual a flor de lótus, que brota plena no meio do lodo, os Filhos da Terra hão de cooperar, com coragem e trabalho, na criação de um novo mundo, mais justo, mais amável, mais tolerante, menos desigual.

Mas Mãe Valéria, será mesmo que isso é possível: – Já está acontecendo, respondo eu.

Alguém disse que tudo está conectado, e não se pode colher uma flor sem atingir uma estrela. Nós falamos do universo como se fosse algo distante…nós fazemos parte dele. Trazemos na nossa memória ancestral muito mais do que podemos imaginar.

A única forma de resgatarmos isso é olhando para dentro. Como Jesus dizia: viver no mundo, mas não fazer parte dele…Isso significa viver, trabalhar, amar, odiar, cair, levantar, chorar, sorrir, mas ter a consciência da transitoriedade da vida na carne, e da imortalidade do espírito.

Somos borboletas, com vários casulos. O plano era que a cada transformação a borboleta ficasse mais livre, plena, feliz e, principalmente, consciente.

O que vemos hoje são borboletas que não veem no casulo mais do que uma prisão, e vida após vida, voltam e repetem os mesmos erros, achando que para isso foram criadas.

Os ignorantes são as borboletas que não sabem que são. Os que se aproveitam dos outros, mentem, enganam, roubam, prejudicam, não merecem as asas que têm. E aqueles que sabem, mas nada fazem, terão suas asas atrofiadas, e quando não puderem mais voar, colocarão a culpa no destino.

Mas todos são borboletas, e por mais que se esqueçam ou ignorem as próprias asas, um dia, na eternidade, vão desejar o voo, a transformação, simplesmente porque essa é sua essência.

Não aceitem gaiolas de nenhum tipo, sejam religiosas, sociais, raciais, intelectuais, vão em busca do que sua alma deseja hoje, agora, neste momento e, quanto isso passar, todas as flores do mundo estarão à sua espera, Namastê, Amém, Axé!!!

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