Incrível como os mestres espirituais nos mandam recados em forma de filmes e livros inspirados na esperança que a humanidade pense…apenas pense…

O filme Divergente é sem dúvida um deles. Nele, a cidade de Chicago, no futuro, destruída após uma guerra, adota um sistema em que a sociedade é dividida em 05 facções – Franqueza, Amizade, Audácia, Erudição e Abnegação.

Ao completar 16 anos, os jovens devem fazer um teste obrigatório, a fim de saber em qual das facções ele se enquadra, e se juntar a ela a partir daí, implicando inclusive em se afastar da própria família se for o caso…

Esse filme me levou a pensar na nossa própria sociedade e, sinceramente, não vejo muita diferença sobre o que acontece na vida real…

Estou exagerando? Vamos lá…

Suponhamos que o sistema de facções fosse implantado no meio religioso e você tivesse que passar por um teste.

Se você é criado em determinada religião, escolhida pela sua família, principalmente aquelas cujo fiéis podem se denominar “não praticantes”, e continua nela, provavelmente não terá muitos problemas.

Se no seu “teste” perante a sociedade, você escolher entre as religiões dominantes, vai ficar na sua “facção” e não será incomodado, desde que não questione as regras, é claro.

Mas e se no teste você respondesse que não quer escolher uma religião apenas? Que acredita que não há uma só forma de se relacionar com Deus e que a verdade não está em nenhuma religião em particular, mas espalhada por todas elas a fim de alcançar as diversas personalidades e formas de pensar dos filhos de Deus…você seria considerado um divergente.

Ser um divergente é, antes e tudo, uma ameaça. Um ser que pensa por si só e se recusa a pensar pela cabeça dos outros põe em risco todo o controle que o sistema religioso tem sobre os que aceitam serem comandados.

E se as facções fossem divididas, por exemplo, entre: ateus, católicos, evangélicos e espiritualistas (nestes inclusos espíritas, umbandistas e candomblecistas); acha que viveriam em paz?

Ou iriam querer subdividir essa facção entre espíritos de Luz, Orixás e catiços? Ou talvez subdividir a Umbanda em esotérica, cristã, branca e sagrada?

Isso não é ficção, queridos irmãos! Isso acontece todos os dias. E os divergentes são perseguidos, pois, se despertar a si mesmo é um”perigo”, imaginem despertar os outros…

Onde já se viu acreditar que, se a casa do Pai tem muitas moradas, nós não temos necessariamente que escolher apenas uma!

Que absurdo acreditar que Orixá não tem dono e atende a quem chamá-lo, independente de cor, raça, gênero, opção sexual ou o que seja inclusive religião!

Impensável querer conhecer as outras religiões, as diversas expressões do Criador, afinal, não devemos sair das nossas “facções” não é?

O que se espera é que as regras, criadas pelos que dominam, não sejam jamais questionadas, afinal, é o caminho escolhido pela maioria – os “normais”…

Todo umbandista já é, por excelência, um divergente, porque escolheu uma religião cheia de possibilidades.

Uma religião que não separa o Criador da Criação, não pergunta a quem pisa nos terreiros a qual religião ele pertence ou até mesmo se ele tem uma.

Esclareço que falo da Umbanda e não dos umbandistas, pois regras humanas são criadas o tempo todo, como se fosse possível limitar o campo de ação de uma divindade ou rotular o que é praticado dentro dos terreiros sob a bandeira da Umbanda, que nada mais pede do que a presença das entidades para a prestação da verdadeira caridade…

Mais de 2.000 anos se passaram, e continuam a julgar os outros sem tirar a trave do próprio olho…e esta sentença continua atual como nunca: hipócritas!!!

O divergente busca, quer saber, aprender descobrir, experenciar…e tirar suas próprias conclusões sobre a vida e as coisas.

E de lição em lição, compreende que não precisa se encaixar em facção nenhuma, só precisa se encaixar dentro de si mesmo, Axé!

Por Mãe Valéria Siqueira

Terreiro de Umbanda

Pai Oxóssi, Caboclo 7 Flechas e

Mestre Zé Pilintra

Críticas e sugestões:  t.u.paioxossi@hotmail.com

Fone: (011) 96375-7587

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