História

ESCOLA DE CURIMBA E ARTE UMBANDISTA ALDEIA DE CABOCLOS

 

Em 02/06/1999 nascia a Aldeia de Caboclos, brotava para o mundo uma Escola com alicerce fincado nas raízes da Umbanda e do Culto Afro- Brasileiro.Desde então, esta vibrante e respeitável entidade vem irradiando a energia e os magníficos fluídos dos Guias e Orixás através de seus Toques, Cantos e Danças. Ao longo de sua existência a Escola vem se destacando por suas ações e apresentações sempre inovadoras, motivantes e comum incrível Toque de Alegria.

A Família “Aldeia de Caboclos” segue com imenso prazer de portas e coração abertos para recebê-los em nossa casa.

A Umbanda

A Umbanda é uma religião ritmada, ritualizada, de origem euro-afro-brasileira. É uma religião que engloba o amor, a simplicidade, a fraternidade, a humanidade, a honestidade e a caridade.

Existem várias maneiras de se praticar a verdadeira Umbanda. Jesus disse: “Estando reunidas duas ou mais pessoas, praticando a verdadeira caridade em meu nome, ali eu estarei presente”. Se todos os espiritualistas cumprissem os seus deveres caritativos sem exploração, com amor e simplicidade, dentro dos princípios do Nosso Mestre, a sua evolução espiritual seria cada vez maior. A evolução depende de nós mesmos, pois somos responsáveis pelos nossos atos.

A Umbanda é como um veículo em uma estrada cheia de curvas perigosas: basta que o seu motorista dirija com atenção e muita cautela para que chegue, são e salvo, até o final do caminho. O médium é o condutor do seu seu caminho. Se essa conduta não for pautada pela honestidade, humildade e caridade, perderá seus melhores dotes mediúnicos. Por isso, meus irmãos de fé, usem os seus dons mediúnicos apenas para a prática do bem e estarão subindo mais um degrau na espinhosa escada da espiritualidade.

(Texto extraído do livro: Iniciação à Umbanda – vol.2 – Tríade Editorial)

A História da Umbanda

No final de 1908 , um jovem rapaz com anos de idade começou a sofrer estranhos “ataques”. Esses “ataques” do rapaz eram caracterizados por posturas de um velho, falando coisas sem sentido e desconexas, como se fosse outra pessoa que havia vivido em outra época. Muitas vezes assumia uma forma que parecia a de um felino lépido e desembaraçado que mostrava conhecer muitas coisas da natureza.

Após examiná-lo durante vários dias, o médico da família recomendou que seria melhor encaminhá-lo a um padre, pois o médico (que era tio do paciente), dizia que a loucura do rapaz não se enquadrava em nada que ele havia conhecido. Acreditava mais , era que o menino estava endemoniado.

Após o exorcismo, realizado por um sacerdote católico, não se conseguiu o resultado esperado, pois os ataques continuaram.

Passado algum tempo, o rapaz que se chamava Zélio, sentiu-se completamente curado.

Alguém da família sugeriu que “isso era coisa de espiritismo” e que era melhor levá-lo à Federação Espírita de Niterói.

Zélio foi convidado a participar de sessão e tomou um lugar à mesa. Assim, tomado por uma força estranha e alheia a sua vontade, Zélio levantou-se e disse: ” Aqui está faltando uma flor”. Saiu da sala indo ao jardim e voltando após com uma flor, que colocou no centro da mesa. Essa atitude causou um enorme tumulto entre os presentes. Ao mesmo tempo aconteciam varias manifestações de caboclos e pretos-velhos.

O diretor dos trabalhos achou tudo aquilo um absurdo e advertiu-os com aspereza, citando o “seu atraso espiritual” e convidando-os a se retirarem.

Após esse incidente, novamente uma força estranha tomou o jovem Zélio através dele falou: ” Porque repeliam a presença dos citados espíritos, se nem sequer se dignaram a ouvir suas mensagens. Seria por causa de suas origens sociais e da cor?”

Novamente uma grande confusão, todos querendo se explicar, debaixo de acalorados debates doutrinários.

Nisso, um vidente pediu que a entidade espiritual se identificasse. Ainda tomado pela força, o médium Zélio respondeu:

” Se querem um nome, que seja este: sou o Caboclo das Sete Encruzilhadas, porque para mim, não haverá caminhos fechados”.

O vidente interpelou a Entidade dizendo que ele se identificava como um caboclo, mas que via nele restos de trajes sacerdotais.

O espírito respondeu então:

” O que você vê em mim, são restos de uma existência anterior. Fui padre e o meu nome era Gabriel Malagrida. Acusado de bruxaria fui sacrificado na fogueira da Inquisição em Lisboa, no ano de 1761. Mas em minha última existência física, Deus concedeu-me o privilégio de nascer como caboclo brasileiro.”

Anunciou também o tipo de missão que trazia do Astral : Fixar as bases de um Culto, no qual todos os espíritos de índios e pretos-velhos poderiam executar as determinações do Plano Espiritual, e que no dia seguinte ( 16 de novembro de 1908) desceria na residência do médium, às 20 horas, e fundaria um Templo onde haveria igualdade para todos, encarnados e desencarnados.

” Deus, em sua infinita Bondade, estabeleceu na morte, os grandes niveladores universais, ricos ou pobres, poderosos ou humildes, todos se tornariam iguais na morte, mas vocês, homens preconceituosos, não contentes em estabelecer diferenças entre os vivos, procuram levar essas mesmas diferenças até mesmo além da barreira da morte. Porque não podem nos visitar esses humildes trabalhadores do espaço, se apesar de não terem sido pessoas socialmente importantes na Terra, também trazem importantes mensagens do além.”

Fundava-se, assim, o primeiro Templo para o culto de Umbanda, com a denominação de ” Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade”, por que – nas palavras da entidade – assim como Maria acolhe em seus braços o Filho, assim a tenda acolheria os que nas horas de aflição, a ela recorressem.

Através de Zélio de Moraes, além do Caboclo das Sete Encruzilhadas, manifestou-se um Preto Velho, Pai Antonio, para a cura dos enfermos. Cinco anos mais tarde, apresentou-se outra entidade, o Orixá Male, para tratar de obsedado e combater trabalhos de magia negra.

A figura de Cristo centralizava o culto. Sua doutrina de perdão, amor, de caridade, era a diretriz dessa religião, que falava de perto ao coração dos humildes, anulando preconceitos, nivelando o doutor e o operário, o general e o soldado. Daí em diante, a casa de Zélio de Moraes passou a ser a meta de crentes, descrentes, enfermos e curiosos.

Mais tarde iniciaram-se as aulas doutrinárias para o preparo de médiuns, que iriam dirigir os sete Templos que o Caboclo da Sete Encruzilhadas deveria fundar como Segunda etapa da sua missão: Tenda Nossa Srª da Conceição, com Gabriela Dionísio Soares; Tenda Nossa Srª da Guia, com Durval de Souza; Tenda Santa Bárbara, com João Aguiar; Tenda São Pedro, com José Meireles; Tenda de Oxála, com Paulo Lavois, Tenda São Jorge, com João Severino Ramos; Tenda São Jerônimo, com José Alvares Pessoa, vulgo Capitão Pessoa.

Centenas de Templos foram depois fundados sob a orientação do Caboclo das Sete Encruzilhadas, no estado do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Pará, Rio Grande do Sul. Sempre que possível Zélio participava pessoalmente das instalações, quando o seu trabalho não o permitia, enviava médiuns capacitados para organizarem e dirigiram as Novas Casas.

O Caboclo das Sete Encruzilhadas nunca determinou sacrifícios de animais para fortalecer médiuns e homenagear entidades. O preparo mediúnico baseava-se na doutrina do ensinamento de normas evangélicas. A água e as ervas eram os elementos ritualísticos usados, através de amacis, banhos e defumador.

O Evangelho era a base do ensinamento da entidade que recomendava, como lembrete constante que é necessário para a prática correta e leal da mediunidade: não ter vaidade, manter elevado padrão moral, proceder corretamente dentro e fora do Templo, prestar socorro espiritual gratuitamente a todos os que dele necessitando, recorram ao médium.

A Umbanda nos ensina a Crer num Deus único e absoluto; nos Orixás, forças superiores que atuam nos vários campos de revelação e chegam até nós através dos seus mensageiros, os Guias trabalhadores dos terreiros de Umbanda; na Reencarnação – a volta do espírito, sucessivamente, à matéria para se aproximar ; na Lei de Causa e Efeito – que nos dá a colheita correspondente ao que semeamos; no amor ao próximo base da Fraternidade Universal.

A Umbanda indica-nos o caminho a seguir: a prática da mediunidade como missão e nunca profissão; a humildade, a tolerância, a compreensão; o pensamento positivo para nós mesmos e para os nossos semelhantes; a Caridade – Amor Espiritual – na palavra e na ação.


Zélio Fernandino de Moraes


Caboclo das Sete Encruzilhadas

(Texto extraído do Boletim Informativo da Tenda Nossa Senhora da Piedade -ano 2003)