Conta uma lenda que Xangô, então marido de Iansã, enviou-a a fim de buscar um preparado que, uma vez ingerido, lhe permitiria lançar fogo e chamas pela boca e pelo nariz. Ela, desobedecendo às instruções do esposo, experimentou esse preparado, tornando-se também capaz de cuspir fogo, para grande desgosto de Xangô.

No entanto, ela foi a única das mulheres de Xangô que, ao final do seu reinado, seguiu junto com ele.
Em outra lenda, Oyá, nome pelo qual é conhecida na África, transforma-se em búfalo.
De qualquer maneira, Iansã é um Orixá que, contrariando os padrões ou não, está sempre em ação.
Divindade dos ventos e tempestades, domina o elemento ar.
No tempo, ela atua os espíritos desvirtuados no campo da fé, reequilibrando e direcionando, ou enviando-os ao tempo para terem seus negativismos esgotados, se for o caso.
Na Justiça atua com Xangô, transformando os seres.

Na Lei atua com Ogum, ordenando tudo segundo os ditames divinos, aplicando a lei no campo da justiça.
No cemitério, como Iansã Bale, ou das Almas, atua sobre os espíritos que desvirtuam os princípios da Lei que dão sustentação à vida, enviando-os aos domínios de Omulu.

A palavra que melhor define Mãe Iansã é movimento. Nada nela é estático.
Como deter o vento? Como dominar uma tempestade? Impossível, ela nunca pára…
Oyá sempre aparece como uma mulher independente, e que, apesar de não ser submissa a seu marido, está ao lado dele na paz e na guerra, até o fim.
Indomável, intensa, independente, mas sempre surpreendendo…
Na lenda na qual Ogum esconde as chagas de Obaluaiê com folhas de palmeira, ela toma a iniciativa de dançar em volta dele e criar uma ventania que transforma suas feridas em pipoca e revela o mais belo Orixá.
Foi também ela que, com seu sopro, esfriava o aço para que Ogum forjasse suas armas.
Como regente do polo feminino do Trono da Lei, com ela não tem meio termo, exige dos seus filhos o reto agir e reto pensar.
Se houver desequilíbrio ela entra em ação, pois é cósmica, ativa, e vai movimentar seus poderes até que o ser esgote o que atrapalha sua evolução.

Ser filha de Oyá e viver intensamente tanto a tempestade como a calmaria, pois no mundo nada é estático…
Ser filha de Oyá é falar sem pensar, é quando as mãos não conseguem acompanhar a velocidade do cérebro ao escrever.
Ser filha de Oyá e sentir a vibração do terreiro tremer quando ela chega, pois me lembra que não importa como as coisas possam estar difíceis, se não movimentarmos nada se resolve.
Ser filha de Oyá é ficar indignada diante de uma injustiça, e falar quando todos calam.
Ser filha de Oyá é gostar de chuva e cheiro de terra molhada.
É ser quente ou fria – morna, jamais.
É sentir, nos momentos mais difíceis, uma força brotar no peito e te dizer:
– Vai filha, estou contigo.

Sigo em frente, valorizando tanto os dias nublados quanto os dias de sol, pois seu que todos eles são para o meu crescimento.

Sigo lançando as sementes do que acredito, sabendo que os ventos de Oyá se encarregarão de levá-las ao solo correto.
Sigo sem medo, pois confio que Oyá me protegerá de tudo aquilo que não fiz por merecer.
E assim seja com todos os filhos de Umbanda, que jamais temam mal algum, enquanto seu brado divino ecoar pelos céus:

Eparrey Oyá!! Axé!!!

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