De acordo com o dicionário Aurélio, é definida imanência como a qualidade que existe em algo e não é separado dele, independente de ação exterior; que está contido e que um ser participa, ou que tende, ainda que por intervenção de outros seres.

As ervas carregam um poder único, indivisível, mesmo que esteja adormecido. Esse poder ou poderes contidos na erva, quando ativados corretamente, proporcionam ao ativador ou ao objetivo a ser beneficiado, a realização desse poder em integridade ou em partes. Dependendo da ação e principalmente do merecimento mútuo.

Muitas são as formas de ativar uma erva ou um preparo com elas. Cada contexto religioso procurou da sua forma proteger o conhecimento para que não caísse em mãos erradas, para que permanecesse em “família” e para que fosse ferramenta de poder.

Sabemos que o conhecimento é poder, e esse poder realizador pode ser positivo, para o bem e para o progresso do ser humano, ou negativo, involutivo mesmo.

A inexatidão causada por essa necessidade de proteção do conhecimento sobre as ervas, causou e causa muita confusão. A associação das ervas aos sagrados Orixás é um exemplo disso. Muitos escritos sobre ervas apontam uma ação do elemento vegetal atribuída a um Orixá, mas depende da interpretação, velada ou não, dessa divindade.

Um exemplo é a pitangueira (Eugenia uniflora L.) , suas folhas e frutos. Em diferentes contextos e regiões, a pitanga é atribuída a um Orixá ou Divindade diferente.

Na cultura jêje nagô, de acordo com o Prof. Dr. Pessoa de Barros, é associada a Oxum e Ossaim, pois suas folhas perfumadas são usadas para forrar os barracões em dia de festa dessa Mãe Orixá, pois atraem a prosperidade, assim como seu banho e sacudimento (bate folhas).

Os batuqueiros no sul do pais associam-na à purificação na vibração de Mãe Iansã.

Há um inconsciente popular que associa a pitanga à Pai Ogum. Talvez por aparecer em vários preparos de descarrego ou purificadores de acordo com Verger.

E quem está certo? Como podemos definir a “verdadeira” vibração da erva e sua associação com o Orixá correto?

No nosso ponto de vista em Magia Natural;  e eu prefiro usar esse termo pois a magia natural não tem dono senão nosso Divino Criador e seus mecanismos reguladores; a definição vibratória está na natureza e seu poder transformador latente está disponível a quem se digna a usá-lo com amor, bom senso, e critérios de respeito às coisas divinas.

A erva carrega um poder realizador que é associado a um ou mais verbos, uma coloração energética que é perceptível pela mediunidade, entre outros fatores provenientes dessa Imanência Divina que citamos, e que é capaz de desencadear a partir de uma ativação religiosa,  onde a presença do guia espiritual é vital, ou magística, onde a iniciação aos mistérios Divinos é imprescindível, seu fantástico poder de realização.

Quando interpretamos uma erva pelo seu simples formato, aroma, toxidade, coloração física, ligamos apenas os sentidos materiais de percepção visual, olfativa, tátil e  de paladar. Para perceber como essa erva funciona no seu estado imaterial, energético mesmo, precisamos de apurada sensibilidade e de parâmetros que nos guiem para uma melhor interpretação.

Nunca canso de dizer que se temos hoje uma forma de interpretar as vibrações, sentidos e elementos ligados as 7 linhas da Umbanda, é graças ao corajoso trabalho do nosso saudoso Pai, Mestre e Amigo, Rubens Saraceni, no campo da Magia Divina e da Teologia de Umbanda. Antes desse trabalho, fundamentado por mais de 50 livros publicados, não havia sido tratado com tanta coerência as coisas simples do terreiro, que sabíamos na prática, mas desconhecíamos em essência. A associação de verbos como o poder realizador, fatores de toda a criação, só foi possível com o trabalho do Mestre Rubens, que trouxe simplificação, entendimento e conhecimento para o simples. Lembro também do apoio que Pai Rubens nos deu quando criamos os primeiros cursos de uso ritualístico de ervas, e todo o trabalho reafirmado através da abertura da magia das sete ervas sagradas, cujo campo é maravilhoso, simples e divino, e sou muito grato a ele e aos mestres da luz por terem permitido tudo isso.

Voltando à pitanga, para nosso entendimento de ligação com o Orixá, buscamos a forma que a erva trabalha no campo astral humano, e no campo astral de uma casa por exemplo.

Porque ela é vista como uma erva de limpeza e prosperidade? Vamos analisar.

A pitanga “movimenta” tudo o que toca com sua vibração. Tira do lugar comum, ajuda a tomada de decisões, pois movimenta o pensamento. É direcionadora por excelência, colocando cada coisa no seu lugar. Ajuda, desde que ativada com esse propósito, a encontrar o melhor caminho, a melhor saída e solução para um problema.

Num primeiro momento, poderíamos dizer ser a pitanga uma erva de Ogum, mas analisando mais detalhadamente seu campo de ação, indiscutivelmente chegamos a vibração de Mãe Iansã.

Isso não quer dizer que seja a única vibração presente, pois o fator expansor está nela também, trazendo direcionamento para o crescimento e expansão, de dentro para fora. Nesse caso encontramos Oxóssi. E infalivelmente há também a vibração de Ogum, pois ela carrega de forma sutil, fatores cortadores para que esse direcionamento seja íntegro, ou seja, poderíamos concluir numa frase que: A Pitanga movimenta cada coisa para seu devido lugar!

Mente, corpo, espírito. As ervas lidam com nosso bem estar global. Aqui demos um exemplo de definição de ervas x Orixás para apenas uma erva. Vamos associa-la a outras.

Pitanga + Aroeira + Arruda = limpeza, ordenação, razão.

Pitanga + abre caminho + rosas vermelhas = motivação, interesse, indicada para depressão e preguiça.

Pitanga + rosas vermelhas + Artemísia = auto estima

Pitanga + jasmim + alfazema + anis estrelado + água de côco = aceleração do desenvolvimento mediúnico.

É isso turminha. Bençãos de Mamãe Natureza em nossas vidas!

Adriano Camargo Erveiro

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