Diamantino Fernandes Trindade

 

As fotografias denominadas de paranormais constituem um assunto intrigante e que rendem muitas discussões e polêmicas. Alguns acreditam, outros não. Apresentamos dois casos famosos do século XIX, quando não havia meios de manipulação, como, por exemplo, o Photoshop.

WILLIAM CROOKES

 

William Crookes

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William Crookes nasceu em Londres em 17 de junho de 1832 e faleceu em 4 de abril de 1919. Foi um químico e físico britânico. Estudou no o Royal College of Chemistry, em Londres, trabalhando com espectroscopia.

Durante suas pesquisas descobriu, em 1861, o elemento químico de número atômico 81, que ele denominou de Tálio. O nome é originário do grego (thalos) e significa broto verde. No espectro esse elemento emitia uma linha verde brilhante. Foi ele que identificou a primeira amostra do gás hélio, em 1895. Uma de suas mais brilhantes produções foi o tubo de raios catódicos. Em 1907 ganhou o Prêmio Nobel de Química.

Em 1870 decidiu que a ciência deveria estudar os fenômenos relacionados com o espiritismo. Arthur Conan Doyle, célebre criador do detetive Sherlock Holmes, cita: “A julgar por cartas de família, Crookes já tinha desenvolvido uma visão favorável ao espiritismo por volta de 1860”. Diz ainda que ele estava determinado a conduzir sua investigação de forma imparcial e descreveu as condições que ele impunha aos médiuns da seguinte forma: “Deve ser na minha própria casa e com minha própria seleção de amigos e espectadores, sob minhas próprias condições e podendo eu fazer o que achar melhor quanto a dispositivos”. Entre os médiuns que ele estudou estavam Kate Fox, Florence Cook e Daniel Dungas.

Os fenômenos que ele testemunhou incluíram movimento de corpos à distância, tiptologia, alteração da massa dos corpos, levitação, aparência de objetos luminosos, aparência de figuras fantasmagóricas, aparência de escrita sem intervenção humana e outras circunstâncias que “sugerem a atuação de uma inteligência externa”.

Sir William Crookes, em sua pesquisa, notabilizou Katie King, o nome atribuído a um espírito que participou ativamente nos trabalhos de investigação do cientista britânico. Manifestou-se pela primeira vez, através da materialização ectoplásmica, nas sessões espíritas em Londres, em 1871, por intermédio da médium Florence Cook, e, posteriormente, nos anos de 1874 e 1875 em sessões com os médiuns Jennie Holmes e seu marido Nelson Holmes, em New York. No livro As ciências proibidas (Enciclopédia do Ocultismo. Volume 1. Editora Século Futuro, 1987) podemos ler:

As primeiras sessões se celebraram na casa do senhor Luxmore. O famoso químico pode constatar desde o princípio que contrariamente ao que se havia insinuado – a possibilidade do desdobramento da médium em um ser igual a ela Florence Cook e Katie King eram pessoas completamente diferentes. Efetivamente enquanto a aparição permanecia diante dele ele percebeu com toda claridade que a médium soluçava dominada por um transe, dentro do camarim. Não concedendo importância a esta prova, ele quis que o fantasma aparecesse no mesmo lugar em que se encontrava a médium Cook, em transe profundo – estado em que entram tais indivíduos para a produção de fenômenos – a fim de comprovar se eram ou não duas pessoas iguais e verificar a hipótese ou não do desdobramento, já que o fantasma e sua médium mostravam ser incrivelmente parecidas. Não demorou muito o dia em que Katie apareceu ao lado de Florence Cook.

William Crookes (Fatos Espíritas. Editora do Pensamento, 1960) relata:

Ocupar-me-ei agora da sessão celebrada ontem à noite em Hackney. Nunca Katie havia aparecido com tanta perfeição, por um período de quase duas horas ela passeou pelo quarto e conversou com os que estavam presentes. Enquanto ela passeava me segurou várias vezes pelo braço. A impressão que eu tive – de que era uma mulher viva que se encontrava ao meu lado e não um visitante do outro mundo – foi tão forte, que não pude resistir à tentação de repetir uma recente e curiosa experiência.

Convencido de que não era um espírito o que eu tinha a meu lado, minha acompanhante teria que ser uma mulher, pedi licença para segurá-la no colo, pois, deste modo, esperava comprovar as interessantes observações que um ousado experimentador havia feito públicas pouco antes de maneira um pouco prolixa. Foi-me concedida licença e fiz uso dela do modo mais conveniente, igual que qualquer homem bem educado se conduziria em semelhante circunstância. À senhora Volckman lhe encantará a notícia de que posso ratificar sua tese de que o fantasma (que, por outra parte, não opôs nenhuma resistência) é um ser tão material como a própria Florence Cook.

Katie afirmou que desta vez se sentia capaz de se manifestar ao mesmo tempo em que a senhorita Cook. Diminui o gás dos lampiões e, com uma lanterna na mão entrei no aposento que servia de camarim. Antes havia pedido a um amigo, hábil taquígrafo, que anotasse todas as observações que eu pudesse fazer enquanto permanecesse no camarim, pois nunca subestimei a importância das primeiras impressões; ademais, eu não queria confiar exclusivamente na minha memória e menos ainda quando isto não era necessário. Eis aqui as notas: Entrei com precaução no camarim; estava escuro e tive que buscar a senhorita Cook às cegas. Encontrei-a toda encolhida no chão.

Ajoelhei-me ao seu lado e acendi a lanterna. Com a luz eu podia ver a jovem que continuava com a mesma roupa de veludo preto do início da sessão. Dava a impressão de completa insensibilidade. Nem sequer se moveu quando segurei na sua mão e aproximei a lanterna ao seu rosto; ela continuou respirando a um ritmo muito suave.

Ao levantar a lanterna, olhei à minha volta e vi Katie de pé, justamente atrás da senhorita Cook. Ela estava com a mesma roupa branca a esvoaçante como todos a tínhamos visto desde o começo da sessão. Peguei em uma das mãos da senhorita Cook com a que eu tinha desocupada e de joelhos movi a lanterna de baixo para cima, tanto para iluminar a figura de Katie como para me convencer de que quem eu via era a própria Katie, a mesma que minutos antes eu havia abraçado, e não uma simples visão de uma mente enfermiça. Ela não disse nada e limitou-se a mover a cabeça em sinal de reconhecimento. Três vezes seguidas examinei com atenção à senhorita Cook que continuava encolhida diante de mim, para ter certeza de que a mão que eu apertava era a de uma mulher viva, e três vezes, também, enfoquei Katie com a lanterna para observá-la com bastante atenção até que não me coubesse a menor dúvida de que ela estava diante de mim Finalmente a senhorita Cook fez um leve movimento e no mesmo instante Katie me fez sinal para que eu saísse. Retirei-me então a um canto do camarim e deixei de ver Katie, mas não abandonei o aposento até que a senhorita Cook despertou e entraram dois dos assistentes com luz.

Os relatos dos experimentos de William Crookes envolvendo o espírito Katie King são descritos no livro Researches in the Phenomena of the Spiritualism, de 1874. No início da obra podemos ler: Este é um dos livros científicos mais citados nas obras dos autores espíritas de renome, devido ao grande prestígio de Crookes no meio científico internacional. Descreve com minúcias as materializações do Espírito Katie King, analisadas, controladas e comprovadas pelo eminente sábio inglês, descobridor do elemento químico tálio e o estado radiante da matéria. Atesta a veracidade dos conceitos espíritas, comprovados por eminentes físicos, químicos, astrônomos e matemáticos, apresentando, ainda, as opiniões de vários sábios e cientistas. A edição brasileira é publicada pela Federação Espírita Brasileira.

Vejamos alguns fenômenos registrados nos experimentos de Crookes:

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